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  • Sarah Knapton (The New York Times)

Meia-idade vai até os 74 anos


Suzana Vieira, 72 anos

Esta é a opinião de pesquisadores que avaliaram o comportamento e a expectativa de vida da população que, hoje, tem cerca de 60 anos. Os chamados “baby boomers” se recusam (com razão) a envelhecer.

Por Sarah Knapton, Science Editor

Aposentar-se e passar a gozar os benefícios sociais oferecidos aos maiores de 60 tem sido visto como o marco divisório da velhice: nessa idade, tradicionalmente, começaria o crepúsculo da vida.

Mas uma nova pesquisa sugere que a velhice hoje começa aos 74, o que significa pelo menos nove anos a mais de vida do que as estimativas oficiais. Estudiosos do International Institute for Applied Systems Analysis (IIASA), de Viena, Áustria, argumentam que a velhice deve ser medida não pela idade, mas por quanto tempo as pessoas viverão após a aposentadoria.

Na década de 1950, uma pessoa com 65 anos de idade, na Grã-Bretanha, poderia esperar viver mais 15 anos. Mas a atual geração de meia-idade, os “baby boomers”, provavelmente viverá mais tempo.

Uma estimativa recente do IIASA sugere que o aposentado médio pode viver cerca de 24 anos – estimativa quase 50 por cento maior do que a geração dos seus pais.

Pesquisadores propõem, portanto, que a velhice seja definida pelo número de anos que as pessoas terão de vida após a aposentadoria, o que representa um acréscimo de 15 anos ao término da meia-idade:

“Se, em vez de considerar que idoso é aquele que chega aos 65 anos, você contabilizar quanto resta de vida aos aposentados, então pode-se dizer que a velhice está chegando mais tarde”, afirmou Sergei Scherbov, diretor do World Population Program, no IIASA. Complementou: "As pessoas mais velhas, no futuro, terão muitas características que hoje identificamos nos jovens. O fato é que a concepção do que é ser um velho mudou ao longo das últimas décadas e deve continuar mudando, já que as pessoas de modo geral estão tendo vidas mais longas e mais saudáveis”.

Há 200 anos, uma pessoa de 60 seria muito velha. Essa mesma pessoa, hoje, está entrando na meia-idade. Por isso os pesquisadores do IIASA propõem que, até 2050, novos indicadores de idade sejam adotados na Europa.

Definir o ponto em que a 'velhice' começa é importante para a sociedade, porque é a partir dela que se identifica o declínio físico e a diminuição da força de trabalho.

O aumento da sobrevida após a aposentadoria pode levar ao que o governo britânico considera um “buraco negro”, ou seja, um colapso das finanças pessoais (muitos poderão ter que dilapidar suas poupanças no esforço de bancar despesas crescentes) e do estado.

De acordo com projeções do governo (britânico), as despesas públicas com a previdência irão quase triplicar de 2015/16 a 2060/61. O chanceler George Osborne apresentou planos para elevar a idade da aposentadoria para 68 anos já em meados da década de 2030 em vez de 2046, como previamente planejado.

No entanto, os autores do relatório do IIASA argumentam que as pessoas de 65 anos de idade, hoje, são mais saudáveis, menos dependentes e, mentalmente, mais jovens do que os idosos de antigamente. Essa realidade deve ser levada em conta quando se avalia o peso financeiro da aposentadoria para o estado.

Alan Walker, professor de política social e gerontologia na Universidade de Sheffield, concordou que a velhice agora começa muito mais tarde do que as avaliações tradicionais convencionam, mas alerta que há uma disparidade enorme entre expectativa de vida e o quanto as pessoas efetivamente viverão: "Nossas concepções de 'velhice' estão irremediavelmente desatualizadas por causa do envelhecimento da população", disse ele.

"Para muitas pessoas, 70 é o novo 50 e essa mudança representa a revolução silenciosa que a longevidade empreendeu no mundo. Por outro lado, não dá para definir arbitrariamente a idade de 74 anos como o início da velhice, já que as estimativas de vida saudável entre pobres e ricos varia muito, até cerca de 19 anos segundo estudos”.

A pesquisa do IIASA aponta para o fato de que a sociedade tem de considerar urgentemente a nova realidade demográfica no mercado de trabalho, por exemplo. Na média, um homem que se aposentou em 2012 pode esperar viver até a idade de 86,2 anos enquanto uma mulher que completou 65 em 2014 teria mais 23,9 anos de vida, segunda estimativas oficiais. Além disso, uma mulher a cada sete e um homem a cada 12 com 65 anos hoje comemorará um século de vida.

O professor Peter Ellwood, da Universidade de Cardiff, disse que as pessoas mais velhas chegam cada vez mais saudáveis aos 80 anos. Há 35 anos, ele tem conduzido um estudo inovador que confirma o quanto a adoção de um estilo de vida saudável reduz dramaticamente o risco de câncer, diabetes, ataque cardíaco, derrame e demência:

"Descobrimos que um estilo de vida saudável é melhor do que qualquer pílula, esse é o caminho para uma pessoa se manter ativa após os 65 anos."

(Fonte: The New York Times - livre tradução e adaptação do inglês Biografia do Idoso Oficina & Edições)

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