(Em uma exposição de Street Art no País mais aplaudido no mundo: Portugal)
No dia dos avós, encontrei esta senhora tricotando o mar para os netos em uma esquina pobre de Lisboa. Pintura de Mario Belém. Metáfora sim, mas que avô faz 0 impossível pelos netos, ah faz!.
Também encontrei Quixote e Pança em tons cinzentos porque faltou dinheiro para mais cores e, lógico, Bob Marley, presença constante nas festas abertas ao público.
Um mendigo maior do que a desatenção toma conta de outra esquina enquanto o cavaleiro da trincha, impulsionado por molas gigantes, leva a paz do branco a alturas inimagináveis para um garotinho.
Há ainda uma senhora e sua bagagem de vida -- não imaginam o que juntou -- na contramão do sol em direção ao cruzamento de uma grande avenida.
O sujeito que tem um aperto no peito não sabe que está sendo estrangulado na mesma calçada onde há prédio tombado e fachada com tijolo aparente, que na verdade é cérebro saindo pelos buracos da cabeça.
As marionetes não se comovem, não cansam, e a África tem uma vista linda no beco antigo.
A menina que pinta na direção do céu, quando crescer, não terá mais o tamanho que ora tem, na parede, mas hoje pode tudo.
Temos ainda peixes coloridos fora do aquário e a certeza de que ETs são os outros.
Consegue ver tudo na sua imaginação? Mas não se esqueça de, antes, virar o mundo de cabeça para baixo, conforme instruções. "Muralize" é a palavra de ordem, palavra de arte dessa mostra da arte popular em Lisboa e no Porto. Basta seguir no chão as setas com a inscrição "mural".