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  • Paula Span (The New York Times)

Sexo não acaba, mas ereção...


Os homens que têm dificuldade para alcançar uma ereção não querem que o mundo saiba, então concordei em identificar o senhor de 77 anos, morador de White Plains, Nova York, apenas como o senhor J. Ele e sua esposa casaram-se em 1959, disse-me, e quando seus problemas começaram, há anos, decidiu não abandonar a intimidade sexual.

Por Paula Span, The New York Times (ilustração de Juliette Borda exclusiva para The New York Times)

"É uma parte da vida," afirma. "Sexo nunca morre." Aconselhado por seu seu urologista, o senhor J. usa um dispositivo de ereção a vácuo, popularmente conhecido como “bomba de pênis”. É mais barato, ao longo do tempo, do que drogas para disfunção erétil e o Sr. J acredita que é mais seguro, também. Ele discretamente sai do quarto para usá-lo — "é constrangedor " —, a bomba injeta sangue no pênis para permitir relações sexuais.

"É um pouco estranho e inconveniente, e não é muito romântico," afirma o Dr. Ira D. Sharlip, um urologista da Universidade de Califórnia, San Francisco, a respeito da bomba. "Mas pode ser eficaz."

Disfunção erétil é um problema comum. Cerca de 60 por cento dos homens acima de 60 — e 70% dos que estão acima dos 70 — experimentam problemas em conseguir ou manter ereções, muitas vezes por causa de diabetes, doença cardiovascular ou tratamento de câncer de próstata, dizo Dr. Eugene Rhee, ex-presidente do California Urological Association .

Nem todos querem tratamento, claro. "Uma grande proporção de homens mais velhos perderam o interesse sexual ou por não ter parceiro ou em função de outras doenças que impedem a atividade sexual," disse Dr. Sharlip.

Além disso, alguns homens que optam por tratamento não podem se dar ao luxo de pagar medicamentos como Levitra, Cialis ou Viagra — o último tem um preço no atacado de $38 por comprimido, de acordo com a Pfizer — ou dispositivos de ereção a vácuo, que custam no varejo de $125 a US $500.

Mas é justo dizer que muitos milhares de beneficiários do Medicare -- programa do governo dos Estados Unidos que subsidia remédios para a população e que parou de subsidiar, desde 01 de julho, a bomba para pênis --, com sua modesta renda, agora vão renunciar a tratamento para a disfunção erétil e é justo perguntar se esta política faz sentido.

"Acho que isso reflete um conceito antiquado sobre a importância da sexualidade na vida de uma pessoa", diz o Dr. Sharlip.

Muitos homens e mulheres permanecem sexualmente ativos após os 60 anos, desde que tenham a oportunidade. Dados de uma pesquisa recente mostraram que quase 40% dos homens de 60 anos e mais de 28 por cento dos homens acima dos 70 tiveram relações sexuais mês anterior, com maiores e menores percentagens relatando outros comportamentos sexuais.

Entre as mulheres mais velhas, quase metade das que têm 60 anos, e mais de 20 por cento das acima dos 70, tinham sido sexualmente ativas nos últimos seis meses, segundo pesquisa do Centro Médico da Universidade de Pittsburgh. O maior obstáculo à sexualidade ativa, segundo relato dessas mulheres, foi a falta de um parceiro; entre as mulheres casadas, a prática sexual é substancialmente maior que a das solteiras, ou seja, 68 por cento e 41 por cento, respectivamente. (As mulheres mais de 80 relataram ter relações sexuais, também, mas o tamanho da amostra foi muito pequeno para tirar conclusões sobre eles.

"Prevalência de atividade sexual definitivamente cai com a idade," disse o Dr. Holly N. Thomas, um clínico geral e o principal autor do estudo: “Mas a proporção da prática é ainda considerável e certamente mais elevada do que muitos médicos e o próprio público pensam."

No que se refere às mulheres, o Medicare cobre custo de cremes hormonais femininos, anéis e supositórios desde que haja "indicação medicamente aceita", como atrofia vaginal. Em outros casos, a usuária pode ter que desembolsar parte do pagamento da medicação.

"Existem vários estudos que mostram uma forte ligação entre o bom sexo e a qualidade de vida dos indivíduos mais jovens e mais velhos," diz Dr. Thomas. Mas, quando se trata de financiamento dos cuidados de saúde, neste aspecto particular, os adultos mais velhos estão praticamente por conta própria.

Nos debates sobre estas políticas, não é difícil discernir uma tendência de preconceito de idade. A última vez que eu escrevi sobre Medicare e disfunção sexual, um leitor citou a bomba, então uma despesa coberta, e ironizou "vovô quer uma ereção!" Outro disse, "Vão embora, velhos tolos."

Mas, em grande parte, osleitores que comentaram a matéria insistiram em dizer que eles não eram contra idosos fazendo sexo; apenas não entendiam por que um programa de governo deve subsidiar custos médicos contra a impotência.

Saúde sexual é considerada parte da saúde em geral — a menos que você seja um homem mais velho, situação em que o desejo de manter atividade sexual é muitas vezes considerado uma piada. Não pelo Sr. J: "Para mim, sexo é um prazer," ele disse. "Não é tudo, mas é importante."

(Fonte: The New York Times, livre tradução e adaptação de Biografia do Idoso Oficinas e Edições - http://www.nytimes.com/2015/08/04/health/sex-never-dies-but-a-medicare-option-for-older-men-does.html?partner=rss&emc=rss&_r=1)

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