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  • Christiane Brito

Polêmica à vista: idosa dá à luz e ganha pílula do desejo


Hoje é dia de mulher lavar a alma. Selecionei três notícias dignas de debate, duas podem ser comemoradas. A primeira é sobre a mãe, alemã de 65 anos, que deu à luz a quadrigêmeos prematuros em maio. Todos passam bem, apesar da torcida moral contra, e vão ter alta nos próximos dias.

É indecente alguém ter filhos com 65 anos? Nunca ouvi comentários a respeito dos pais-avós que conheço. Nunca vi também mulher brigar com o relógio e decidir ter filho após a menopausa. Ao contrário, percebo um certo espanto nas mulheres de 50 que não tiveram filhos. Bem resolvidas ou não a respeito, todas elas, tenho quase certeza, pensam como seria se tivessem engravidado e parido.

A dúvida ligeira se explica mais ligeiramente ainda: nas questões que a sociedade acha relevantes, e pelas quais nos cobram (casamento, filho, emprego, dinheiro, casa própria...), tendemos a nos culpar por não ter tentado ou não ter conseguido. Logicamente nos tempos modernos esse tipo de culpa foi para o inconsciente e, de lá, irá para o éter, um dia, espero, mas enquanto não...os honestos consigo mesmos hão de reconhecer que é complicado não apresentar os símbolos do sucesso no palco de nossas vidas, ainda que o enredo seja medíocre.

Cá entre nós, acho que a senhora que teve quadrigêmeos tem algum problema peculiar, ainda não diagnosticado pela medicina, porque parece que só se sente feliz com a barriga de grávida. Teve 13 filhos, a última com 55 anos (já à custa de inseminação artificial) e agora põe mais quatro no mundo sob a alegação de que a mais nova, com 9 anos, pediu um irmãozinho. Woody Allen explica.

Acrescento que acho maravilhoso a ciência nos proporcionar o milagre de ter filho após a menopausa, tornou-se uma escolha que, agora, podemos fazer tardiamente. Acho que os homens vão começar a brigar por um útero, eu apoio, direitos iguais.

A segunda boa notícia do dia também tem a ver com direitos iguais para homens e mulheres: finalmente temos a nossa pílula do desejo, especialmente indicada para a pré e a pós-menopausa. Foi aprovada pelo F.D.A. nesta terça (18), após duas reprovações, o que exigiu mobilização de grupos médicos e feministas para que finalmente chegasse ao mercado. Está sendo tão criticada que a CEO da indústria farmacêutica garantiu que não fará propaganda do lançamento na tevê.

Seja como for, a luta das mulheres e simpatizantes pela pílula, contra a discriminação de gênero, acabou beneficiando também os homens: eles têm quinhentos tratamentos e drogas contra impotência, mas também precisam de uma pílula do desejo. Também enfrentam calados a baixa libido.

E, assim, a porta do quarto do casal acaba de ser escancarada: primeiro os homens assumiram os problemas de ereção, em 1998, com a chegada do Viagra. Agora vamos discutir nossa falta de libido (que lamentavelmente pouco impediu o sexo conjugal), vamos dizer não ao indesejável e vamos buscar o adiado prazer.

A terceira notícia é boa para os homens: Hollywood está contratando heróis cada vez mais velhos para filmes de ação.

Os homens de certa forma sempre puderam envelhecer nos filmes, mantendo namoradas 20 anos mais novas e tornando-se filhos de mães apenas sete anos mais velhas, caso de Cary Grant em "Intriga Internacional". Mas o princípio da imortalidade desses atores antigos era a suavidade: eles atuavam com delicadeza e sofisticação o bastante para tirar a atenção das rugas e decadência física.

Ainda há discípulos desses mestres no gênero “envelhecer” sem perder a garota ou o papel principal. George Clooney e Hugh Grant (ambos com 54) estão se saindo bem nas telas; Colin Firth (também com 54) é outro, apesar de ter menos sex appeal.

Richard Gere (65) é um mito, ele se senta ereto como se estivesse meditando enquanto pode estar, na verdade, tirando uma soneca, quem se importa? Talvez esses belos atores congelem no tempo sem descongelar o coração ardente das fãs.

Mas os novos heróis de Hollywood, voltando ao nosso tema, são violentos, nem tão bonitos e, alguns, muito velhos. Novidade absoluta porque até mesmo o 007, com permissão para matar dada pela Rainha, não teve permissão para envelhecer e o ator no papel foi trocado de tempos em tempos.

A mesma coisa aconteceu com o Super-homem e o Batman. Agora, apesar de haver muito ator jovem e desempregado, os protagonistas de velhos tempos, já além dos 60, continuam na rotina de lutas sangrentas, verdadeira coreografia da violência. Depois de fazer o terceiro episódio de Indiana Jones, Harrison Ford encarou, já com mais de 70 anos, o filme “Os mercenários 3” (contracenou com Sylvester Stallone, 68, e Arnold Schwarzenegger aos 67).

Tom Cruise, com 53 anos e contando com um time poderoso de dublês, assinou contrato para fazer o quinto filme da série Missão Impossível. No lançamento, em 2017, estará tão velho quanto Bruce Willis no primeiro “RED” (as três letras formam uma sigla para “retired” – aposentado--, “extremelly” –extremamente --, “dangerous” – perigoso).

O ator menos cotado para integrar essa geração de veteranos no papel de herói violento é mesmo Liam Neeson, 63, e ele está admirável, uma verdadeira máquina de assassinar nos últimos filmes de ação que protagonizou. Qual o segredo de Neeson? O ator de "A lista de Schindler" e "Os miseráveis" tem a vantagem de ter começado tarde na carreira, por isso não concorreu com os jovens galãs. Seu tipo lembra outros feios charmosos e valentes como Humphrey Bogart e Spencer Tracy.

As mulheres, por enquanto, não podem envelhecer, porque fatalmente se tornarão mães e avós dos protagonistas. Plásticas, aplicação de botox e tintura aloirada são pretensos recursos para prolongar a juventude, mas resultam, muitas vezes. na perda da beleza extraordinária, caso de Catherine Deneuve com 67.

Lindo é adjetivo que os bonitões do cinema levam para o túmulo, linda é prerrogativa das jovens atrizes; bonita é o máximo que pode merecer uma mulher entre 50 e 60 anos, depois não sobra muito.

O que dizer de Jane Fonda, em plena forma aos 77? Apesar de conservada, não seria, jamais, convocada para o papel de heroína em um filme de ação, já Sean Connery aos 84, quem sabe?

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